Garoa Paulista

Na noite fria, o tempo promete chuva

Mas quem se cumpre é o vento

Pelas avenidas e esquinas o que se vê é o andar sincopado das pessoas

Uma olhada para o alto e uma cortina de nuvens se espalha

Pouco se nota na luz fraca dos postes

Passado algum tempo lá está ela

Chega discreta

Em sua dança silenciosa

Começa o desfile de sombras

Detalhes que só se mostram contra a luz

A dança genuinamente paulista é muda

A trilha sonora vem das ruas

É um balé, um tango, uma salsa ao som do congestionamento

O estilo da dança é único

Só um paulistano nato saberia nomear ou descrever

Garoa não é só chuva, não é só frio, garoa é orgulho e história

Nesse momento não existe ano, não existe idade

Não se sabe mais em que época estamos

Se na São Paulo poética de 1922

Ou na São Paulo caótica de 2012

Seja na Sé, no Rio Pequeno, na Cantareira, no Morumbi ou em Itaquera

A garoa é atemporal e democrática

Da janela do ônibus, da garupa da moto, do topo do edifício

Escolha a melhor vista da rua

O espetáculo vai começar

E o nome do palco é São Paulo