Com amor, para Grazi
Com os olhos perdidos, vaga
pelas ruas desertas da solidão
Por seu semblante me passa
Toda a angústia em seu coração.
Com um sorriso trêmulo, contém o pranto
Mas me segura a mão com força e me espanto
Tamanha a confiança que deposita em meu peito
Faz dos meus ombros seu aconchego e leito
Dos meus olhos se esquiva
A fim e guardar-se os lábios
Está frágil, triste e passiva
E entregar-se à carência é insábio
Vê-se fora de si, sem caminho
Por quanto sente a falta do carinho
Da mão que agora a apunhalara, cruel
Da boca que lhe serviu o gosto do féu
De memórias apagadas regozija
O sentimento saudosista à dor
Pois a fuga de si mesma a paraliza
E as cinzas cobrem a essência do amor
A dor, querida, que sentes agora
Sempre que me encosta no ombro e chora
Há de se desfazer pela manhã
Se à luz então abraçares.
Então repousa o coração, minha bela
Que açoite nenhum te traga mazela
Que acorde pura e sã
Para vida nova começares.