MEU AVÔ (Do livro em preparo - Novas Mulheres na Vela Sociedade)

Eu te vi tão velhinho, tão doente.

Tão magrinho, meu meigo menino!

Teus olhos azuis, infantis, inocentes,

Jaziam abertos enquanto dormia.

Teu peito arfava. Ainda estavas vivo, vovô!

Estava ali, fragilizado e indefeso,

Morrendo, o pobre velhinho calejado.

As tuas mãos sofridas, beijei-as,

Em pranto, chorando a tua dor.

Sentindo as misérias inexplicáveis da humanidade

Na tua fronte de homem honrado,

Lembrei, tristemente, Rui Barbosa

Que um dia referira-se à inútil honestidade.

E tuas mãos feridas rasgam-me as carnes,

Transpassando meu coração, de um golpe,

Como duas flechas envenenadas

Que viajarão comigo pela eternidade.

Rosângela Laurent
Enviado por Rosângela Laurent em 11/08/2012
Reeditado em 16/02/2017
Código do texto: T3825911
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