Beldade
Beldade límpida de negras unhas
Que sorri nos olhos vários encantos,
Inspirado leigo à ti compunhas
Poesia tosca, de erros tantos.
Amanhecido estava o compositor
Entristecido e calvo no coração
Sofrera os sonhos na madrugada,
Vestira a dor quando acordara
De fronte baixa e sem emoção
O olhar perdido e sem amor,
As longas pernas da estatura
Eram tão rápidas pelo caminho
Mas minha pressa a certa altura
Corria cega em desalinho,
Meu desespero parecia tanto
O ar e o sol tão sufocantes
Ruído de carros por todos os lados,
Meus pensamentos ensimesmados
Inimigos passados velhos tratantes
Demonios perdidos em desencanto.
Ao meu destino corria ainda
Fugindo que estava de tudo isso
Dar cabo de fato a dor infinda
Ler belo romance sem compromisso.
À casa dos livros pude chegar
Sentar à mesa em silêncio vasto;
Foi nesse momento que pude cruzar
Meu olhar ao teu tão doce e casto.
Queira perdoar linda menina
Que fazes teu trabalho tão diligente
Observar-te eu pude sem intenção
Afinal de contas em meu coração
Não encontro pecado ou cor indecente
Sei que podes ainda mais ser mais feminina.
É por isso que estou a escrever-te agora
E corro minha caneta no escuro da mente,
Pois devo dizer-te logo e sem demora
Que tens lábios de fruta e olhar de serpente.
Talves me envergonhe em saber
vossa tenra idade.
Inspiraste-me de um jeito
que parece maldade.
Não é culpa sua
tão pouco dos deuses.
Pois esta loucura é fruto,
é fruto da Lua.
Não mostre esse recado
à nenhum delegado.
Não me envergonho de ter-te amado,
não vejo porque temer o abaixo assinado:
Boreto