Beldade

Beldade límpida de negras unhas

Que sorri nos olhos vários encantos,

Inspirado leigo à ti compunhas

Poesia tosca, de erros tantos.

Amanhecido estava o compositor

Entristecido e calvo no coração

Sofrera os sonhos na madrugada,

Vestira a dor quando acordara

De fronte baixa e sem emoção

O olhar perdido e sem amor,

As longas pernas da estatura

Eram tão rápidas pelo caminho

Mas minha pressa a certa altura

Corria cega em desalinho,

Meu desespero parecia tanto

O ar e o sol tão sufocantes

Ruído de carros por todos os lados,

Meus pensamentos ensimesmados

Inimigos passados velhos tratantes

Demonios perdidos em desencanto.

Ao meu destino corria ainda

Fugindo que estava de tudo isso

Dar cabo de fato a dor infinda

Ler belo romance sem compromisso.

À casa dos livros pude chegar

Sentar à mesa em silêncio vasto;

Foi nesse momento que pude cruzar

Meu olhar ao teu tão doce e casto.

Queira perdoar linda menina

Que fazes teu trabalho tão diligente

Observar-te eu pude sem intenção

Afinal de contas em meu coração

Não encontro pecado ou cor indecente

Sei que podes ainda mais ser mais feminina.

É por isso que estou a escrever-te agora

E corro minha caneta no escuro da mente,

Pois devo dizer-te logo e sem demora

Que tens lábios de fruta e olhar de serpente.

Talves me envergonhe em saber

vossa tenra idade.

Inspiraste-me de um jeito

que parece maldade.

Não é culpa sua

tão pouco dos deuses.

Pois esta loucura é fruto,

é fruto da Lua.

Não mostre esse recado

à nenhum delegado.

Não me envergonho de ter-te amado,

não vejo porque temer o abaixo assinado:

Boreto

boreto
Enviado por boreto em 20/02/2013
Reeditado em 25/02/2013
Código do texto: T4150230
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