A Leminski e Drummond

Distraído...vencerei

Esta minha estranha mania

De querer extrair poesia

Dos meus ais...

É como o voar dum pássaro cansado

Sobre uma colina vazia

É como querer voar pelo mundo

Com o osso da asa quebrado

É como se tivesse no meio do caminho

Mais do que uma pedra

...muralha!

Ah...minha maldição na vida

É única coisa que se valha

Ser poeta de mim mesmo

Do infinito

E da matéria gasta

Sem piedade no destino

Lágrimas que misturam-se

Com o súor da face

Dono das mentiras mais bonitas

Com o sorriso mais forjado

Com uma reles lanterna

Sem pilha...

Ofusco o brilho de todos os faróis

De todas as praias...

Por enquanto sigo esse caminho

Faço da distração

Única arma

Ah...minha maldição na vida

É querer...

Matar minha fome de ânsia

No mesmo prato

Por Leminski degustado

É querer...

Saciar minha sede de esperança

Na mesma fonte insalubre

Que Drummond sentia-se saciado

Marcelo Lopes
Enviado por Marcelo Lopes em 10/04/2007
Reeditado em 10/12/2007
Código do texto: T444500