Antes do banquete

Uma homenagem antropofagia

ÍNDIO: Sou bicho do mato

como outro qualquer,

Filho da terra e do sol.

E você? Quem você é?

BISPO SARDINHA: Sou filho da trindade,

homem banhado em luz.

Venho lhe trazer a verdade

Que se chama Jesus.

ÍNDIO: A luz vem de Tupã,

nosso pai, marido de Jeci.

Tua palavra é tão vã,

Não posso acreditar em ti

B.S.: Você esta enganado.

Esqueça Jeci e Tupã

Aprenda o que é certo e errado,

Largue essa fé pagã.

ÍNDIO: É você que está enganado.

Já sei o que é certo, rapaz,

e também o que é errado.

Aprendi com meus ancestrais

B.S.: Agora aprenda comigo,

que é quem sabe mais

não quero te ver, meu amigo

nas garras do satanás.

ÍNDIO: Se você sabe muito,

só experimentado p'ra ver.

E você não imagina

com quero aprender.

B.S.: Então me deixe ensinar,

você vai aprender.

São tantas coisas meu irmão

que você precisa saber.

ÍNDIO: Ouviram o que ele disse?

Temos sabedoria no almoço.

Hoje é um dia feliz

Vou roer até o osso.

B.S.: Seja um homem recatado,

essa é a primeira lição.

Andar nu é pecado,

Assim não tem salvação.

ÍNDIO: É que corre em minhas veias

uma ensandecida paixão

pela liberdade do corpo,

ainda mais no verão.

B.S.: Mas ser livre é um pecado

para o qual não tem perdão

não deixe o meu senhor irritado,

escolha a catequese ou a escravidão.

ÍNDIO: Essa conversa já me deu fome

Como é mesmo o seu nome?

B.S.: Bispo Sadinha.

ÍNDIO: Hum...

Deve ser bom com farinha.

Cleiton da silva
Enviado por Cleiton da silva em 28/04/2007
Reeditado em 02/05/2007
Código do texto: T467382