Rio de Maio
À dor neguei tua partida
quando partiste
e eu
sem esperança
ao tempo estanquei qualquer
queixume por te ter
na minha ausência
quando despertámos mais confidentes
aposentando qualquer felicidade
baralhada pelo destino
inevitável,fugaz
camuflado de tanta criatividade
– Darei o mote aos versos
acasalados na madrugada onde noivámos
nossas lendas longínquas
esculpidas à proa dos ventos
Urdirei nas palavras alheias
tuas aparências magnificas
coincidentes
reservadas só pra mim na ode
lírica onde musicámos a vida
tão complacentes
– Incitarei minha obediência aos
teus logrados silêncios
esperando beber-te imensa
pr’ além das existências onde me vício
ao culminar solidário
nossos colidentes abraços
esbarrados na maciez de um verbo
abandonado no ócio da vida
despertando eminente
onde te faças meu Rio e eu
teu imenso Maio onde nos
amámos sorrateiramente
– Jamais abdico daquelas
gargalhadas que me emprestas
nas noites em que te exibes
só pra mim fremente
desfeiteando sílaba a sílaba
a gentil vestimenta imortal
que nos cobiça o amor
acontecendo a cada dia tão letal
em meus poemas marginais
avassaladores,
à espera só da pena capital
Frederico de Castro