Rio de Maio

À dor neguei tua partida

quando partiste

e eu

sem esperança

ao tempo estanquei qualquer

queixume por te ter

na minha ausência

quando despertámos mais confidentes

aposentando qualquer felicidade

baralhada pelo destino

inevitável,fugaz

camuflado de tanta criatividade

– Darei o mote aos versos

acasalados na madrugada onde noivámos

nossas lendas longínquas

esculpidas à proa dos ventos

Urdirei nas palavras alheias

tuas aparências magnificas

coincidentes

reservadas só pra mim na ode

lírica onde musicámos a vida

tão complacentes

– Incitarei minha obediência aos

teus logrados silêncios

esperando beber-te imensa

pr’ além das existências onde me vício

ao culminar solidário

nossos colidentes abraços

esbarrados na maciez de um verbo

abandonado no ócio da vida

despertando eminente

onde te faças meu Rio e eu

teu imenso Maio onde nos

amámos sorrateiramente

– Jamais abdico daquelas

gargalhadas que me emprestas

nas noites em que te exibes

só pra mim fremente

desfeiteando sílaba a sílaba

a gentil vestimenta imortal

que nos cobiça o amor

acontecendo a cada dia tão letal

em meus poemas marginais

avassaladores,

à espera só da pena capital

Frederico de Castro

Frederico de Castro
Enviado por Frederico de Castro em 24/05/2015
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