Depois que morreu Machado a nossa língua morreu

Um verdadeiro cultor

Da última flor do Lácio

Descreveu conto e prefácio

Esse famoso escritor

O mais forte prosador

Que a nossa pátria já deu

Em tudo quanto escreveu

Mostra o genio requintado

Depois que morreu Machado

A nossa língua morreu.

Não tinha discurso longo

Dentro da sua poética

Mas dominava a fonética

Do acento agudo ao ditongo

Hiato e também tritongo

O nosso mestre aprendeu

Como ele ninguém cresceu

No portugues sublimado

Depois que morreu Machado

A nossa língua morreu.

Começou quase mirim

Despertar seu sentimento

Com velho padre Sarmento

O mesmo aprendeu latim

Verdadeiro paladim

Da lingua que conheceu

Como autodidata leu

Mais de um clássico prendado

Depois que morreu Machado

A nossa língua morreu.

Autodidata discreto

Um romancista erudito

Nunca disse gratuíto

Como o povo analfabeto

Somente Coelho Neto

Imita o genero seu

E Pompéia com Ateneu

Outro mestre reputado

Depois que morreu Machado

A nossa língua morreu.

Como grande romancista

Defendeu nosso idioma

Nunca conquistou diploma

Nosso famoso cronista

O maior vernaculista

Que neste Brasil nasceu

Como Camilo escreveu

Num português rebuscado

Depois que morreu Machado

A nossa língua morreu.

Machado foi transcendente

Nas questões gramaticais

Com seus contos geniais

Fascinava nossa gente

Com seu português fluente

Mais de um romance escreveu

Ao mundo surpreendeu

Esse monstro consagrado

Depois que morreu Machado

A nossa língua morreu.

Poeta Agostinho
Enviado por Poeta Agostinho em 16/10/2015
Código do texto: T5416465
Classificação de conteúdo: seguro