Um filme Drummond

Vejo Drummond de pernas cruzadas

De rosto brilhando ao sol de verão

Seus ouvidos atentos auscultam o mar

A poesia está na escuma da onda e na brancura da areia

Os arquivos secretos estão em Itabira

O poeta de Sete Faces, gritou Paulo Thiago

Cansado de ser moderno é melhor virar eterno

Há um Rio de Janeiro na melancolia daquele banco

O bêbado abraça Drummond e pede oração

Talvez o Vaticano não saiba que Padre Nosso é poema

Mas o turista chega devoto e eterniza o momento

Drummond não veste capa sobre seu corpo de bronze

No São João Batista ouviram versos

No tumulo de Julieta

A morte foi sua viagem mais sem graça

Na Janela do trem pra Minas tinha montanhas e Ipês

Mesmo sem querer ser eterno Drummond mora no infinito

E quando o sol esquenta ele veste chapéu de nuvem

Drummond ultimamente está quieto demais

É que inventaram as Olimpíadas e não levaram seu convite

Talvez Copacabana precise urgente

De um porre com pão de queijo

Para ao invés do xis, o poeta ouvir UAI