O Chamã

Para: Assai

A vasta cabeleira,

Branca senhora

Recebi os desígnios do tempo

Solta ao vento

Com uma extraordinária dignidade.

O chamã tem seus mistérios.

Às vezes cismo

Que ele, com sua áurea branca

Sabe como ninguém

Vencer a densidade das paredes

Do velho teatro 4 de setembro

Como se fosse um ser

Que é e não é

Que está e não está.

Admiro sua tranqüilidade

A tranqüilidade de quem sabe deixar em si

Apenas o resíduo

O bom resíduo,

Das coisas boas e necessárias.