As Sereias

Eu não sabia como era ser feliz

Tudo o que eu conhecia era a solidão

Não vou dizer que era como eu sempre quis

Mas assim, eu protegia o meu coração

Por muito tempo eu pensei que estava certo

Por muito tempo eu sobrevivi a seca do deserto

Mas, um dia a tempestade me alcançou

E, com a sua ventania brutal, ela me arrasou

Eu confesso que não estava preparado para o desastre

A minha única guia era a própria tristeza

Ela me indicava o caminho, como uma boa amiga.

Nunca pensei que acabaria escrevendo textos,

Muito menos sobre momentos tensos e meigos

Nunca fui um adepto de filmes de romances perfeitos

Mas, depois que conheci aquela pessoa, mudei o meu jeito

Comecei a dedicar, comecei a poetar,

Mesmo não sabendo me expressar direito

Tudo aconteceu de repente, culpo aquele beijo

Aquele toque macio, aquele aroma de alívio,

Que retirava o peso que eu estava, talvez, sentindo

A perspectiva que eu tinha para com o mundo havia mudado

Sempre que eu me encontrava chateado,

Eu me lembrava daqueles cabelos cacheados

Hoje já não os tenho mais como forma de remediar a dor,

Mas as memórias são de igual valor

Assumindo o esquecimento da voz, eu ainda permaneço apaixonado,

Por aquela que me enfeitiçou.

Às vezes parte de mim a odeia

Mas, não importa o quanto eu tente,

Para sempre ela será minha única princesa

Não sei o que o futuro me reserva, e não me interessa

Mas eu gostaria muito de revê-la,

Apenas para saber se ela manteve aquela promessa

Escrevo aqui um desabafo de um coração cansado,

Cansado de buscar aquele mesmo calor em outros braços

Eu não sei o que será de mim se eu continuar,

Pensando que todas as mulheres são como rosas,

Que devem ser cuidadas, amadas, regadas com carinho

Não sei, mas sinto que estarei sozinho no fim.

Eu gostaria de entregar os textos que escrevi,

Para todas as inspirações que conheci

Carol, Vitória, Ana, e aquela ruiva que o nome fugira de mim

Elas são provas de que "mulher da vida" não se aplica a todas,

Me apaixonei por elas, com todas as minhas forças

Se uma delas me pedirem hoje um texto romântico,

Eu irei de fazer um romance titânico

Farei um conto de fadas entre Pã e a ninfa

Tudo para derrubar as lastimas de quem eu,

Outrora chamara de queridas

Se elas me mandarem uma mensagem de saudade,

Eu manusearei palavras de afeto e ternura

E retornarei frases de felicidade

Não sei se sou afeminado por escrever dessa maneira,

Mas, sim, me apaixonei, e sim, conheci sereias.

Lembro-me muito bem das letras que formei,

Das canções que eu recitei,

Dos versos que liriquei

Se me perguntarem de quem sinto mais falta,

A resposta jamais será clara, pois,

Sonho com todas, guardo em um baú aquelas lembranças boas.

Vou escrevendo e pensando naqueles momentos

Momentos que me tornaram o que sou hoje,

Um jovem sem medo de amar, de perdoar

Creio eu que os textos me ajudaram quando eu estava no vazio

E espero que eles me acompanhem em meu exílio,

Se caso eu vá ficar perdido no meio do caminho.

Outro dia uma garota, uma pequena libélula, me visitou

Em posses de alguns dos meus versos, ela me olhou

Surpreendentemente ela me elogiou, e isso me cativou

Não digo que fora adicionado, mas um motivo para escrever

Mas, me alegro em saber que consegui entretê-la ao ler

E, novamente estou aqui, mas com um objetivo diferente

Estou apenas recordando um passado tão agradável

Talvez eu o reviva, mas sei que é pouco provável

Mas posso, ao menos dizer que, de muitos, eu fiz parte de poucos,

Poucos os jovens que realmente sentiram o que é amar,

E ser amado, e não se preocupar com os defeitos e os fracassos

Pois ao seu lado está a pessoa mais adequada

Então, sim, fui feliz, e espero ser de novo

E como as águas claras, viajo em mais uma jornada,

Em busca de fábulas, em busca de musas, de fadas.