Seminu

Se um homem caminha seminu

para os braços de uma noite de inverno,

é talvez para fugir de seus tormentos

ou fazer dormir sua realidade já cansada

Se um homem pisa no chão frio das ruas

pela pouca clareza da madrugada

Pisa firme, anda reto, passos métricos,

não se deve atravessa-lo nem se aconselha mira-lo

Sua alma o arrasta como uma pedra rolante

e como tal desce o pasto o homem seminu,

no seu rastro os seus segredos sorridentes

todos afoitos e despreocupados

Ninguém sabe para onde vão,

Certeza apenas que qualquer caminho é despido

de certeza ou segurança

Por entre o escuro, não mais se vê seu vulto

Talvez apenas o enxergue, outras almas despudoradas,

filhas do excesso, que moram nos bares da madrugada

E outras duas almas solitárias não tão menos seminuas

dançam embriagadas pelas guias das ruas

Comemoram a lua a doces baforadas, altíssimas risadas

Não é uma grata surpresa que encontrem o homem de uma só peça?

A solitária peça de roupa branca que se desloca no escuro?

Sim, a madrugada é palco de todas as grandes peças já pregadas

Agora três pessoas seminuas invadem um bar de açoite

no apogeu da noite que se desloca nervosa e tensa

Ilustres personagens vindos do nada e muito em comum

Faz-se afagos, passeios e troca de casacos

Já que as almas seminuas são tímidas ao raiar do dia

Que traz consigo as mentes lúcidas, sóbrias e vazias.

* Dedicada ao amigo Delieverson L. Lemes

Ricco Salles
Enviado por Ricco Salles em 01/08/2018
Código do texto: T6406570
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.