White poem

De onde vem esta solidão?

Da árvore alta em frente da casa,

Do sábado sem vozes claras,

Do fundo do quintal, onde late o cão;

Veio do fundo do mar um dia,

Parou no aeroporto, fez que ia seguir.

Acabou perdendo o trem e a estação.

Vem do norte, mas talvez nem viesse

Se lá – sei lá! - houvesse alguém

Que lhe tivesse dado atenção.

Vem do sul, de mala e cuia,

Passa rápido e volta ao posto.

Vem da fronteira e fica sem chão.

Deixou a bagagem na sala,

Pintou a parede de branco

E nela escreveu com carvão:

“Vim pra ficar. Ou não”.

(Para Margot e William, parceiros sempre.)