ELECTRICO 28

Ao sabor de uma doce brisa,

Sobe a calçada da estrela,

Desce da graça, sobe aos prazeres.

O guarda-freio em mangas de camisa

Observa cuidadosamente seus afazeres

E os de um rapaz pendurado na janela

Ao lento ritmo de uma morna,

Uma negra ginga na calçada

Junto ao Poço dos negros.

E um homem que já se entorna

Percorrendo o chão com os dedos

Num gesto de uma vida desgraçada

Passa ao chiado, junto ao poeta

Leva senhoras finas ao teatro

Passa ao bairro alto junto ao calharis.

Não podemos esquecer o pateta

Que cruza a correr sobre os carris

Ali mesmo é frente um metro.

Percorre a graça, passa junto ao castelo

Leva os senhores deputados do terreiro

Do Paço, a são bento.

Enfim leva-nos neste passeio belo

Que nos dá renovado alento,

E nos faz amar LISBOA por inteiro.