PEQUENA GRANDE HISTÓRIA DE AMOR
À minha mãe, in memoriam
Tinha os cabelos negros,
os olhos verdes,
o sorriso sábio.
Este é o seu retrato.
Enfrentou aquela iniciação
levando uma criança no colo,
junto ao coração.
As outras duas, pela mão.
Ao pé da noite caminhou
entre cafezais e trilhas.
Fez ronda nas sombras da alma
para ser sentinela dos filhos.
A noite abraçou seu corpo
tornando mais leve o pranto.
E seus passos foram se abrindo
como asas de anjo.
Chegou, por fim, em uma casa amiga
e protegida pelos silêncios dos longes,
chorou as mesmas lágrimas antigas
onde a alma se esconde.
Salvou os filhos, salvou seu mundo.
Mostrou que a vida não tem preço
e que Deus caminha no mundo
sem endereço.