Teofanias lilianas

Lilí, querida lusitana,

A tua luz, a tua presença

Modesta, discreta,

Em sóbria elegância

Emana uma flama divina

Será, poetizar-te, desatino

Ou sacrilégio por seres quem sois?!

Mas, não! O que penso aqui, eu?!

Não. Este que toca a hóstia sagrada,

Há de te louvar a aura consagrada!

Pois as fagulhas que portas, de Fátima,

Formam como um espelho propício à alma

Refeita à imagem de Deus

No corpo do Amor, tomado da Virgem:

Corpo do Redentor, doado em ardor.

Lilica, tu és santa?! Tu és mística?!

Sei que de ti vem um fulgor:

Candor que reflete desígnio e destino

E se expressa na língua de Camões

Cintilando como a Beatrice de Dante;

Depois que vossa mercê surgiu,

Algo mudou para melhor, em mim.

Deus, o que me quereis dizer por Lilica?!

Por que a luz que rebrilha nela veio a mim?!

Devo peregrinar à “terrinha”, à Fátima?!...

Lilí permanece fiel a si mesma:

Ela é forte, ela é bela, é sagrada...

Lilí, espelho da Virgem de Fátima

E do fogo que nos faz ver a nós mesmos:

Chama sagrada, sacramento de dor e Amor.

Sobre o pavimento de São Pedro e seus [ossos,

Peço-vos, ó Deus, nessa colina vaticana:

Por esse tríplice lume que, da cúpula, [atravessa

As janelas, e enche de luz esta Basílica,

Que teofania dizeis a mim, na bela Lilí?!

(Publicada na revista LiteraLivre v. 8, n.4; n.43; jan-fev 2024; p.87-88)