SAUDAÇÃO À KERLIANE

De Hélio Rocha

Conheci você... e isso bastou-me.

Agora que você partiu, percebi, nitidamente, que a vida é curta.

Muito curta, por quê?

Pergunto-me,

Ou melhor, interrogo-me: como assim tão cedo?

Como assim tão rápido?

Amada, enquanto eu lia Hamlet, deitado em uma rede, 02/10/12,

Uma mensagem recebi; melhor dizer – uma trágica mensagem:

“Convidamos amigos para o velório de Kerliane”.

Como assim? Como tal? Como morte?

Deve haver algum erro.

Deve ser sacanagem,

Pegadinha...

Até hoje não me recuperei do impacto.

Impossível recuperar-me.

E a Sophia?

Apenas três meses de vida com a mãe...

Você, Kerli, será a musa inspiradora de meus versos;

De minha prática discursiva.

Você merece todos os meus pensamentos,

Todas as minhas lágrimas.

A morte cerca.

Eu posso vê-la.

Está sempre ao nosso redor.

As sombras ofuscam-me.

O sol em breve morrerá do outro lado da Selva.

Tão jovem!

Tão esperançosa!

Tão tudo.

Tão nada.

Não houve tempo.

A morte a acolheu antes do fim.

Fim de quê?

Do quê?

Condenados?

Terra antropófaga.

Terra gloriosa.

Terra mãe.

Terra morte.

Agora é hora de rememorar.

Isso é vida.

Vida é rememoração, não condenação,

Vida é dor disfarçada de amor.

Amor é morte disfarçada de felicidade.

Viva além dessas fraquezas e condenações do humano, meu amor.

Você ultrapassou o humano com essa atitude tão inesperada.

Sinto tua falta.

Ausência não, porque vives em mim.

E as lágrimas afloram como flores num jardim alado,

As borboletas/flores da nossa EFMM,

Nosso lugar para além do alcance dessas vozes alvoroçadas,

Das ruas quentes de nossa cidade empresa.

Presa? Não. Livre, meu amor,

Da dor,

Da luta ferrenha,

Para a lenha o fogo queimar.

Queima em mim,

Porque tu estás para além das estrelas

Como uma flor alada das alturas celestiais,

Onde um dia hei de estar.

A viagem é longa....

E maravilhosa, porque os sentidos se aguçaram,

Adquiriram as técnicas necessárias à viagem humana,

E com eles e uma imaginação criativa

Podemos nos reencontrar a qualquer instante

Feito a chuva e o mar,

Mar de rosas,

Mar de almas...

Mar de amor, meu amor...

Labrense
Enviado por Labrense em 03/07/2013
Reeditado em 19/07/2013
Código do texto: T4370060
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