Sombras da Liberdade

O sono aperta os braços em meu corpo...

Marcas dobradas pela certeza de jogar as pedras nos pássaros malditos

e não em frágeis mães que buscam alimento para seus filhotes.

Zombas do meu sossego,

mas não adiantou saber que as noites, que eram nuas,

passaram a solitários restos de inquietude.

E no fim o melhor foi esquecer a falta de conforto do meu leito.

As sombras tentam penetrar na minha embriaguez

pra saciar a vontade de ser luz

e escapar da prisão noturna.

O que elas não sabem

é que a liberdade não está no dia

e que a luz também vive em agônia

sem poder a noite invadir.

É uma dança frenética de desejos sem solução

onde eu percebo o reflexo da minha culpa

e procuro uma absolvição.

Nessa guerra a necessidade real do pedinte só pode ser satisfeita por ele mesmo,

contendo ou não a realidade.

Porque a liberdade está no entendimento da sua importância

e na satisfação própria e dos que se ama.

Liberdade é ser o que se é

sem ter medo de um dia deixar de ser.