VELHICE
Nas mãos pintadas, as marcas do tempo,
Veias traçam histórias, com sol reluzindo lento.
Cabelos, fios de prata, na dança do envelhecer,
Reflexões que o espelho agora faz renascer.
Mãos que contam anos, em dedos endurecidos,
Cada pinta, um conto, em tons envelhecidos.
O olhar baixo, lento passo, cabeça trêmula,
É o relato silente de uma jornada que acumula.
Lentamente desbotando, como tintas na tela,
O presente escapa, a velhice se revela.
Dedos doloridos, em contagem sutil,
Um susto com o tempo, que escorreu tão sutil.
Cada ruga, um poema, cada passo, um verso,
Admiro minha jornada, um livro disperso.
No espelho da vida, reflete a idade,
Mas em cada vinco, vejo minha verdade.
Velhice, surpresa que o tempo trouxe,
Um quadro formado, cada traço, uma broche.
Não percebi o envelhecer a esmo,
Mas na minha história, revela-se um tesouro imenso.
Tião Neiva