Tua menina

Na areia pés descalços, nús.

Vão marcando a passagem,

Integrando à paisagem,

Deixando para trás agrouros e tabús.

As folhas coqueirais balançam,

Musicalidade dos ventos,

Lembranças dão tempo ao tempo,

Sei que o céu minhas mãos não alcançam.

Meus olhos se perdem na marola,

Tentam ler nas ondas recados teus,

Desejos insatisfeitos estes meus,

Ao longe uma sereia, ao teu ouvido, cantarola.

E ao alcançar a já tão falada pedra do cais,

Me pergunto se ainda sou tua menina,

Como será que esta estória termina,

Com um "para sempre" ou vários "jamais"?

Aqui, sentada, quero confessar ao vento todo conflito,

Como sangra minha alma de pura dor,

Encontrei nas linhas e entrelinhas o amor,

Espero que ele leve à ti notícias minhas, meu grito.

Romântica sou por descendência,

Sem escárnio ou condescendência.

Mulher, flor, ninfa, borboleta e inocência,

Menina do cais, desafio da tua ciência.

Vem, me pega em teu colo,

Sem porquês, sem protocolo,

Afaga meus cabelos, me nina,

sou feliz sendo a tua menina.

Mary Rezende
Enviado por Mary Rezende em 04/02/2009
Reeditado em 06/02/2009
Código do texto: T1421278
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