A PALMATÓRIA
A palmatória
2.008
à meu pai, pelos oito anos de falecimento.
Foi num domingo
Pé de cachimbo
De barro, de barro,
Viemos todos do limbo...
Que saudade, pai
Nossa infância querida
A Márcia e eu,
Arteiras, atrevidas...
Para brincar de escrever
Havia a louzinha.
Era preciso prendê-la
Na parede da cozinha...
Mas depois do almoço
Era hora da sesta
E um sono merecido
Ao meu pai Deus empresta...
E o prego na parede,
TUM, TUM, TUM, TUM,
E o papai, acordando:
HUM, HUM, HUM, HUM,
_Meninas venham cá!
peguem o CHINELO!
_Ai Pai, que é que há?
Foi o barulho do martelo?
_Estendam as mãozinhas
(Ai!!, Pai, vai doer!)
Meninas sapecas,
Meu sono, é meu lazer!
Passaram tantos anos
Quarenta e cinco, talvez
Só ficou a saudade,
Aquela arte, aquela vez...
Nosso paizinho querido
Já saiu do purgatório.
Deve estar lá no Céu,
Onde há lindo Oratório!
Suas duas caçulinhas
Não usam palmatória.
Vão seguindo sempre amigas,
Vão contando, sua História!
Adria T. C. Comparini