TESOUROS DE CETIM

À memória de minha tia Gioconda Tristão Melani

Publicada em 24/05/1998

Seu pijama de bolinhas

Tão macio, tão quentinho

Falo dele nestas linhas

Faço com ele um versinho...

Penso em tudo que deixou,

como herança para mim.

De sua vida o que restou,

são tesouros de cetim...

Lá na sua penteadeira

Foi presente da Vó Ida,

São José a derradeira

A lembrança mais querida...

Vou então tomar café,

uso aquele açucareiro

Todo de prata, o José,

niquelou-o em janeiro...

Alguns pedaços de pão

misturo com leite morno,

sua tupperware é solução:

vou levar pudins ao forno...

Estendo a toalha; está frio...

Volta a recordação.

Seu retrato, junto ao titio

serviu-me de inspiração!

Pedacinhos de sua vida,

dentro daquelas estantes...

As amigas Aparecida,

Zilah, Ruth, assim constantes...

Em cada peça eu a vejo.

Do Rotary, o cinzeiro...

A xícara de café, que desejo,

ficarmos juntas o dia inteiro...

No canto: na mesinha...

a cesta toda original!

De guloseimas, cheinha,

hoje guarda até jornal...

No escritório, pecinhas

enfeitam aquele móvel...

Vasinhos lindos, loucinhas...

E o computador, tão imóvel!

Mas o lugar mais querido

é aquele cantinho da sala...

O vaso na coluna preferido,

Junto à cadeira que embala...

Sinto tanto sua presença,

ali, naquele lugar

que às vezes me aconchego,

só pra de ti me lembrar...

Há mais uma lembrança

de prata: peça delicada...

Um tercinho, era da infância?

Precisa ser restaurada!

Em toda parte da casa,

Suas pecinhas, seu crochê.

A herança mais gostosa

é lembrar-me de você!

Adria Comparini
Enviado por Adria Comparini em 08/07/2009
Reeditado em 08/07/2009
Código do texto: T1689527
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