NÃO QUERO SER ADULTA

Na adolescência nos soltamos inteiramente.
Somos livres e felizes
Podemos tudo e todos acham lindo.
Na idade adulta,
Entramos na fase da proibição.
É proibido cantar. Isso é coisa de adolescente.
É proibido beijar em público.
Isso também é coisa de adolescente.
Andar na chuva, que horror, enlouqueceu?
Se apaixonar, nem pensar.
Você já passou da idade.
Sorrir enquanto pensa,
Precisa de uma camisa de força, surtou.
Tomar sorvete se lambuzando, nem por sonho!
Chupar um pirulito, que ridículo,
Virou criança?
Brincar, nunca mais.
Ser livre e solto só em sonho.
Mas que chato é ser adulto.
Não quero ser adulta.
Recuso-me a seguir regras chatas
Que me emparedam, me sufocam.
Por isso eu canto enquanto dirijo
E danço também.
Se olham para mim? Às vezes, mas não ligo.
Por isso eu adoro caminhar na chuva
Deixando a água lavar a minha alma.
Se reparam porque caminho tranqüilamente
Sem procurar um abrigo?
Sim, mas e daí? Sou feliz
E isso é o que importa.
Não resisto à lua cheia.
Devo ser lunática porque ela mexe comigo. Fico extasiada.
Fico encantada quando o astro-rei
Qual bola de fogo
Começa a desaparecer no horizonte.
Ah! Não resisto a uma vitrine de bonecas.
Eu as ponho no colo,
Beijo e converso com elas.
Faço isso com a maior naturalidade
Como se só eu estivesse na loja.
Loucura? Se for é uma doce loucura.
Também não escondo o que sinto.
Às vezes isso me traz embaraços.
Mas afinal eu adoro essa alma indomável
Que habita em mim.
Amo a menina Iara
Que aflora quando vê bonecas.
Adoro a adolescente Iara
Que nunca deixou de amar, de sonhar
De ver a vida de forma colorida e bela.
Decididamente, Não Quero Ser Adulta.

Iara 18/12/05