Alma-vagão

Alma-vagão

Sou apenas um velho-vago-vagão

à espera de mãos

que me passem saudades.

Sou apenas um velho-vago-vagão

à espreita de olhos

que seguem janelas

(o que podem ver nelas?)

hoje molduras de amplos,

trincados portões;

Outrora janelas mirando o infinito,

lagunas e campos,

bordeando rochões.

Trinava, acolá, ufano, um apito

e espirais de fumo alvinitente

na lonjura do sopé da serra frondescente

bocejavam, qual bruma em delicado baço.

Sou apenas um velho-vago-vagão

sufocando o cansaço,

implorando quedado,

sofrido,

surrado,

que uma simples poesia,

um único acorde, quiçá elegia,

não fique esquecida no meu coração

Sou apenas um velho-vago-vagão.

Homenagem ao Vagão Literário.

Casa do Poeta Brasileiro.

Chaplin
Enviado por Chaplin em 28/06/2006
Código do texto: T183813