O RIO E VOCÊ
O rio corta a cidade,
como a imaginação avança
silenciosamente...
Entre tantos paredões e azulejos,
mal desenhados e riscados,
surge uma imensa mágoa
- a de ter ficado para trás.
Atrás dos luminosos,
covardemente se negando,
deixando de aprimorar seu espaço.
E o rio prossegue seu curso,
ora barrento, ora turvo,
perpendicularmente destoante...
A vida se irradia nas margens
de quem mesmo assim
se deixou passar, intolerante,
e permitiu-se alguns dias sorrir
docemente.
São Paulo, 28 de outubro de 2009.