SORTE PAGÃ
SORTE PAGÃ
Em um lugar bem distante
Conheci uma mulher
Dona de um lindo semblante,
O que qualquer homem quer.
Ó destino alucinante,
Nenhuma chance sequer!
O mar é grande, eu bem sei,
Porém a concha transporta.
Das terras por onde andei
Só a saudade conforta
O fato de não ser rei
Num reino que o pobre aborta.
Deste jardim encantado
Lembrando a flor, eu prossigo.
Meu sangue corre, encarnado,
Sangue bom, um sangue amigo
Ao bagaço comparado
E visto como inimigo
O sol não para ele gira
E surge um novo amanhã.
Tudo ilusão e mentira,
A minha sorte é pagã.
Eu choro na minha lira;
Eu sou velho, ela anciã.