Perfeição
Não pude chamar de perfeita
A noite que tivera,
Repleta de emoção, e falta,
E da certeza de que ali me curava
Parcialmente de ti.
Por onde andei
E a noite passava, vã,
Fria, nua,
Despida de pudor;
Como você.
E o vento batia,
As naus agitadas,
A lua deitando,
O rio correndo em busca do mar,
Eu sentado n’areia, só,
Sem ter o que esperar –
E nunca tive -.
O silencio sussurrava
Em tons lentos, fracos,
Quase apagados
Intimidado pelas palavras
Que eu sussurrava
Falando de desejos.
No torpor da saudade
Adormeci,
Coberto de areia e dor
E da impossibilidade
Da tua falta e teu amor.
Amanheci,
O Céu estrelado,
As nuvens extintas
O vento gelado
E as frases distintas
Que eu tinha inventado
Na busca d’um sonho
Que fiz em algumas horas
Pra te ter feliz, plena,
Ausente de dor
Cóleras, acusações, confusões
Marcados em nossa história.
Fim de noite.
Aurora gritante,
Imponente, denunciadora.
Diferente de mim
A natureza não mudara;
Permanecera constante,
Com a certeza
De um novo dia raiar.