A TUA PRESENÇA
Falta-me o chão
Meus pensamentos enturvam-se
Esqueço o que havia decorado
Tão certo, tão rimado
Não há mais pausas
O que era lógico agora é incoerente
Incongruente
A respiração é arfante
O pensamento perde a cadência
Consistência, só há turbilhão
Rubores candentes, tremores
Nem razão e nem consciência
A transgressão torna-se recato
Impulso voraz, mansidão
O poder soberano desfaz-se em servidão
De senhor tornei-me vassalo
Não me sinto mais no comando
Deixo-me levar feito barco à deriva
Meu leme descansa em tuas mãos
Tua presença me rouba o prumo
Insensato sou todo pejo
Ouço mais do que preciso falar
Quero o prazer das tuas vibrações
Meus ouvidos recebem tuas canções
Entoadas em suaves trinados
Vejo tudo em caleidoscópios encantados
Em pequenos pedaços coloridos
Fragmentos da tua presença em mim