A PAR DE TUDO E DE NADA

Às vezes tento não pensar em nada

Procuro ficar distraída

O tempo quer-me a vida negada

Mas eu não me nego à Vida.

Às vezes me sinto até incompetente

Evito qualquer pensamento

Não quero o Inverno na mente

Entrego ideias más ao vento.

Dou-me conta que é tarde

E fico meditativa

Espalho olhares por toda a parte

Na esperança que a memória não fique esquecida.

Lanço um olhar último ao espelho

E não suporto olhar!

Será ele que está velho?

O que é que eu faço? Vou ignorar!

Apanhou-me desprevenida

Ele, e o tempo a passar

A levarem-me à força a Vida

Mas à vida não me vou negar.

Refaço-me da surpresa

Com eles aligeiro a conversação

Não gosto de observações maliciosas

Dão-me tristeza!

Vou aprendendo a lição

Reúno antes minhas recordações

Prefiro lembranças mimosas.

natalia nuno