Quando Você Partiu

Quando você partiu, talvez não tenha percebido que frias nas palavras que trocamos.

Nos segundos que nos olhamos, no beijo que me fez minha boca se acostumar. No calor dos teus abraços, que até hoje estou a desejar. Fez-te assim não notar que levas consigo meu coração.

Como uma mordaça ou anzol preso à língua, me calou, deixando com milhares de palavras, faces sem sentidos, atravessados na garganta.

Você, água límpida e cobiçada, tão clara, e saciável, água que traz refrigério e calmaria, assim, portanto, proibida. Água que escorre por entre as minhas mãos.

Quantas alegrias e inspiração me trouxeram poderia eu escrever até que se acabe a tinta e papel, mesmo assim, sobraria a inspiração. Mesmo assim, você partiu. Hoje, o que me resta é acreditar na solidão, presença tão comum que rasga o abatido coração. Hoje, senti tua falta.

Falta da tua pele que acariciava a minha. Nossas conversas e confidencias o tudo a ver que pareciamos ter. Todo encanto e ilusão, todos os acertos e erros, que para você não teve perdão. Gostaria de não mais gostar de você, queria amanhã não mais sentir vontade de te querer. Espero que a próxima boca que beijar, possa fazer apagar toda lembrança. Por tudo isto já não tem esperança, pois outras bocas já beijei, outros corpos já toquei, outros sonhos compartilhei. No desespero do refúgio até as doces mentiras confessei. Mas, tudo foi em vão; hoje só me resta a triste certeza de que, não tão cedo, esquecerei de você.