Noites Amenas

Nas noites amenas,

doces e serenas,

ao som das avenas,

pastoras morenas

soltam cantilenas

suaves, melodiosas,

(românticas glosas,

doces e harmoniosas!).

Falenas airosas

(belas mariposas

damas do crepúsculo),

bailam no dilúculo

das noites amenas.

Em noites de luar,

ponho-me a cismar...

Profundo sonhar...

Terno meditar...

Coração perdido,

de sonhos imbuído!

Coração delido!

Cismo, embevecido,

na ausência de ruído.

Sonhos alegóricos

e fantasmagóricos

das noites amenas!

Sonhos, fantasias,

dores, alegrias!

Noites ternas, frias,

fuscas e alvadias!

Ah!, cenestesias

puras e triviais!

Ó vampiros reais,

consolai meus ais

(dolorosos lais,

agros, sepulcrais,

tristes e horrorosos),

entre sons saudosos

das noites amenas!

Noites de ansiedade,

tristeza, saudade,

longa soledade,

suave eternidade,

doce liberdade!

Entre a escuridão,

mora a solidão,

no meu coração,

ouço esta canção:

«Alma sem condão,

descansa em meus braços,

dorme ao som dos passos

desta noite amena.»

(20/06/1969)