Aspiração

Infância perdida n’outra cidade,

menino de rua lá n’outras verdades

de vidas que foram pra ser e nem são.

As vidas possíveis, que nunca virão.

Meu mundo distante n’outras paisagens,

que nunca terei ou verei seus endereços

dos outros de mim em outras roupagens,

os outros de mim que tanto careço.

E findo meu mundo enfim em Desterro,

sem porto nem barco que leve pro Lar

que nem mais existe, uns outros ‘stão lá,

é casa de outros de um mundo terreno.

Um mundo perdido n’outra cidade,

de estranhos rumos e outras verdades

de histórias, destinos de rumos que são

perdidos pra sempre e sei, nunca virão.

E o anelo de ver as outras paisagens

e as vidas de velhos vãos endereços,

os rostos largados, novas roupagens

de rumos que tanto quero e careço.

Mas vejo meu mundo cá no Desterro,

mas inda pergunto-me por meu Lar,

a terra da eterna distancia está lá

tão longe num mar não mais terreno.