O Tempo Vai Passando

Não vejo,

Não deixo a hora ir,

Não beijo.

Não almejo induzir.

O meu desejo já desfeito

Abandonou o peito,

De um triste jeito,

Doente me jogou num leito.

O que eu consigo

Me contenta,

Só não aceita

A minha já velha deixa.

De tudo deixar,

De pensar que um jeito novo sempre há

Pra falar e pra gastar.

Olho para o mar

E me lembro dos meus velhos movimentos.

Quem sabe se no futuro haverá

Mais de outros sentimentos e consentimentos?

Eu tento partir,

O meu corpo sabe que um dia irá,

Mas até lá

A minha cabeça pensa o tempo enrolar.

Contrárias ou já velhas novidades,

Que serenas ou revoltas,

Capengas ou tortas

Me alegram...

Só não posso parar de escrever,

Pois o sol se põe,

A lua ilumina a noite,

A chuva molha a terra,

A minha boca se abre

Pois um dia quem sabe

A minha escrita dita

A mão um dia lave

E leve pro vazio serelepe

O meu vazio bereguete.

Sandra Vaz de Faria
Enviado por Sandra Vaz de Faria em 20/10/2010
Código do texto: T2567644
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