Do nada

É sempre assim

Numa tarde do nada

Que tudo vira madrugada

É por nada que o tudo me acontece

Vejo uma imagem de longe ao vento

Perto de um barulho marcado pelo tempo

Enquanto o encontro no meu canto

Sinto vozes que estavam por perto

Abrandando o meu peito inquieto

E por um tempo àquelas horas

Desviam um olhar trancado e mudo

E revira meu mundo

Deslizando-se num único

Que vira para o corpo quente que me abraça

E vira o toque que me embala

Vira receio de abrir os olhos

E perceber aquela luz partindo...

Vira o mero medo de não vê-lo vindo

Vira o macio dos lábios que toco

Revira mais que tudo, o que amo

Vira amor, amado, amando

E quando tudo virado, eu avesso

As pálpebras se abrem

E tudo vira saudade

Fabiana Alcântara
Enviado por Fabiana Alcântara em 10/10/2006
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