LAÇO DE FITA
Menina clarinha cheia de sardas
Sapeca, travessa e cheia de mimos
Vivia com as pernas cheia de marcas
Brincava de boneca e com carrinhos.
Andava pelos muros da casa da avó
Subia nos espinhentos pés de limão
Chutava bola no quintal sem dó
Ralava os joelhos e esfolava o dedão.
Essa menina era mesmo um foguete
Deixava malucos os avós e os tios
Até aprendeu a jogar tamborete
Empinava pipas que ficavam nos fios.
Como continha tanta energia
Não se cansava nenhum dia sequer
Na hora de entrar ainda se escondia
Não podia um minuto do dia perder.
Chegou no dia do seu aniversário
Cinco vestidos com saiote de barbatana
Chegaram de presente. Ela olhou de soslaio...
Imaginou-se neles parecendo porcelana.
Que sofrimento seria para a menina.
Ficaria horas sem fazer peraltices
Tinha um com um grande laço de fita,
Outro com babados e esquisitices.
Eram lindos! Juntaram-se em volta
Da cama lotada por eles impecáveis.
Tinha vestido até atrás da porta.
Seriam horas de suplício infindáveis.
Chegou, que pena, a hora da festa.
A casa enchia-se de muita gente
O bolo confeitado sem modéstia
Dentro do vestido a menina descontente.
Olhou-se no espelho, parecia uma princesa
O saiote pinicava-lhe com flores e rendas
Fizeram o laço bem apertado e com grandeza.
Para a menina as coisas pareciam imensas.
Enxergou pela porta uma fresta.
Disfarçou e saiu sem ser percebida.
Voltou com o laço amarrado na testa.
Sorrindo com a saia do vestido retorcida.
By Claire