LAÇO DE FITA

Menina clarinha cheia de sardas

Sapeca, travessa e cheia de mimos

Vivia com as pernas cheia de marcas

Brincava de boneca e com carrinhos.

Andava pelos muros da casa da avó

Subia nos espinhentos pés de limão

Chutava bola no quintal sem dó

Ralava os joelhos e esfolava o dedão.

Essa menina era mesmo um foguete

Deixava malucos os avós e os tios

Até aprendeu a jogar tamborete

Empinava pipas que ficavam nos fios.

Como continha tanta energia

Não se cansava nenhum dia sequer

Na hora de entrar ainda se escondia

Não podia um minuto do dia perder.

Chegou no dia do seu aniversário

Cinco vestidos com saiote de barbatana

Chegaram de presente. Ela olhou de soslaio...

Imaginou-se neles parecendo porcelana.

Que sofrimento seria para a menina.

Ficaria horas sem fazer peraltices

Tinha um com um grande laço de fita,

Outro com babados e esquisitices.

Eram lindos! Juntaram-se em volta

Da cama lotada por eles impecáveis.

Tinha vestido até atrás da porta.

Seriam horas de suplício infindáveis.

Chegou, que pena, a hora da festa.

A casa enchia-se de muita gente

O bolo confeitado sem modéstia

Dentro do vestido a menina descontente.

Olhou-se no espelho, parecia uma princesa

O saiote pinicava-lhe com flores e rendas

Fizeram o laço bem apertado e com grandeza.

Para a menina as coisas pareciam imensas.

Enxergou pela porta uma fresta.

Disfarçou e saiu sem ser percebida.

Voltou com o laço amarrado na testa.

Sorrindo com a saia do vestido retorcida.

By Claire

Claire Fernandes
Enviado por Claire Fernandes em 29/11/2010
Reeditado em 23/10/2011
Código do texto: T2644340
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