Reencontro lhe na vastidão do imaginário
Confirmo a beleza que emana de tua alma desamada e fugidia
Tua foto tão linda em um jornal diário
Reacende-me uma paixão atemporal e luzidia
 
Florbela, eu sei que há entre nós um lapso de tempo!
Mas há em nós, uma caixinha que guarda sentimentos, um relicário 
Assim o amor pode não se desfazer nas brumas das eras 
E o que seriam estes lapsos para um amor atemporal e temerário?
 
Quisera eu fosse o infante que procurastes em teus versos tristes
Os meus, procuram uma princesa de olhos longínquos e amoráveis
Agora leio em teus olhos o fulgor do amor jamais realizado
Cá neste século, também padeço de amor e seus males incuráveis
 
Ah o amor! Que tu cantavas e que nunca encontraste
Em teus versos belos nas noites em desespero
Esta torrente que passa no rio da gente
E nos remete ao mar, onde tudo é desilusão e silencio
 
Nunca achamos o amor, bem o sei, mas quem o tem?
Este nó molhado e indissolúvel da alma, este avatar
Laço quebrado das paixões cindidas, inundadas
Enleando as tormentas a nos devorar
 
Oh amor! Sou teu infante que ainda te procura
No porto frio, no céu sem nuvens, nos vagos do cais
Minha alma, cega, ainda arde em ternura
Nos horizontes da vida que tem limites demais
 
Sim Florbela, eu sei deste lapso do tempo, mas
O sonho existe e não há de se perder no vácuo dos ais
Onde a chama tênue do amor se funde
Com a frieza que vaza dos metais!




reeditei esta pequena homenagem à Florbela de Espanca nascida em 8 de Dezembro tendo dado fim a sua vida, também em 8 de Dezembro aos 36 anos de idade em 1930. Ela foi a maior poetisa do seu tempo e cantou como ninguém em seus versos a sensualidade e feminiladade da alma da mulher, bem como suas contradições frente as paixões e a vida. Deixou-nos uma legado poetico inesquecível.
Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 11/12/2010
Reeditado em 09/08/2014
Código do texto: T2665635
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.