Esquina comum

É quando no topo do bairro numa esquina comum

o encontro das ruas sugere algo mais

o bater com passado passado e esquecido

relembra e cobra com punhos da lei

meus tantos errados atos singelos

antes sagrados certos exatos

meus sins como nãos meus nãos tão sins

meus olhos olhando sonhado com o escuro

da péle pintada com pintas de guache

conversas com apache

e a paz que buscava

e a paz que sonhava

ainda sonho e busco

menino crescido

guerreiro formado

tremi e suei

vendo em teus olhos fracos

a imagem alegre inocente febril

dos meus dias, ontens que não vontam mais

dos meus dias , ontens que não vontam mais

E quando levar teu grito pra longe

leve consigo um adeus amarelo

que lanço com dó egoísmo e saudade

que lanço com fé de te ver jamais

no topo do bairro numa esquina comum

o bater com passado agora lembrado

surrado vingado com punhos da lei

e um grato aceno deste enrrolador

que deu nó no dia pra ver e valer

o aqui se fez aqui se paga

e um sol suburbano cinza pousando

sobre pontudos prédios cinzentos

e leve consigo as trezentas canções

que compus pra você

e que nunca você

poderá ouvir

pois sou tão mais eu

que nem o que lhe dei é mesmo teu

pois nada por aqui é mesmo meu

Adeus

Robson Simões
Enviado por Robson Simões em 18/10/2006
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