AMOR IMPLUME

Rumoreja lá fora, d´outro lado, a brisa fria,

Numa noite cinza de uma lua mais sombria

E no firmamento de um tom falecido

Por já o tempo de outrora haver padecido;

O choro, o pranto pelas flores mortas,

Arrastadas pelo vento forte até às portas

Da casa que aberta fica a espera

De um amor que partiu e foi embora

Sem gozar feliz daquela primavera,

Ah! Quem ficou sem ela, ficou e chora!

Minh´alma que tombou-se num vacilo,

Sem sorte, sem flores, sem rio tranquilo,

E já implora o coração a tua presença

Nesta noite em que te tem querença

E que ainda pode o calor erradiar do peito,

Secando as lágrimas que caem no meu leito,

Umidecendo, embrenham as fimbrias do virol

Que já de tão vultuosas ficaram frias

A espera da manhã e da luz do sol

Já cansadas das dores sombrias.

E vou escrutando as trevas, os vultos,

Por ficar despertos, sentimentos estultos,

Movo dum lado para o outro plangente

Em meio ao silêncio que zumbe estridente,

Busco achar nas pálpebras sono langoroso

Que vem, certamente, chegando lastimoso;

Envolto fico nas trevas brumosas,

Desamparado, longe do teu perfume,

Das lembranças de Àguas Formosas

E daquele amor ainda implume.

(YEHORAM)

YEHORAM BARUCH HABIBI
Enviado por YEHORAM BARUCH HABIBI em 23/05/2011
Reeditado em 25/05/2011
Código do texto: T2988897
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.