[Enfunam-se as velas]

Apresentando O Transversal

“La Folie, Lydia the Tattooed Lady, dos irmãos Marx,... das viagens, das estações do ano, das partidas e de alguns regressos...”

Entreabrem-se as portas de cedro,

o cheiro a resina molhada pelo mar

liberta-se ao acaso pelo casco,

querem-se as viagens sossegadas,

sem aquelas lembranças em saudades,

que o vento um dia transportou.

Enfunam-se as velas como os lírios

ondeados na planície deserta,

os lírios brancos aos molhos,

como os frutos do algodão,

do novo mundo.

Fecham-se os olhos de cansados,

gastos pelo que viram mar afora,

tentam-se algumas purificações,

teme-se a borrasca.

Renascem as palavras queimadas

nas fogueiras perto da aurora boreal,

que aqueciam o corpo congelado,

das cinzas brotaram algumas letras,

desconexas letras,

das tágides nem sei, larguei-as

num mar de sargaços,

agarrado ao leme, perdido,

perdido,

olhando estrelas desconhecidas,

que tudo queriam, até o ouro

do ladrão,

até o tédio do condenado.

Na escura noite onde o vinho

correu como um mar sem margens,

abro os braços como o gajeiro

no mastro avistando terra,

tudo tem um fim,

tudo teve um principio,

[morrem algumas nuvens... agora...]

renascem as palavras queimadas...agora...

reacende-se um farol...algures...

Nkisi
Enviado por Nkisi em 03/01/2012
Código do texto: T3420172
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