Aves de passo.

As perigosas loiras de esquina

Que nos relicários de seus decotes

Perfumaram minha juventude

Ao milagre dos beijos roubados

Que no dicionário dos meus pecados

Guarda sua pétala azul.

A impudica babá madura

Que no mapa-mundi de sua cintura

A criança que fui se despertou.

A flor de liz das cabeleireiras

Que trouxe o trem da primavera

E o trem do inverno me arrebatou

As flores de um dia que não duravam

Que não doiam, que te beijavam,

Que se perdiam.

Damas da noite que no banco de trás

de um carro, não perguntavam

se as queriam.

Aves de passo como lenços, cura fracassos

A misteriosa viuva de luto que suou comigo

Um minuto três andares no elevador.

Joaquin
Enviado por Joaquin em 08/02/2012
Código do texto: T3486641