FRUTA AMARGA
Como enfrentar a realidade dura desta vida
Com a alma sanguinolenta, duramente ferida
Pela ausência imensa, e intensamente sentida,
Da minha Esperança, esta amiga querida?
Já tentei furtar do Sol seu esplendor
Para preencher este vazio cheio de dor,
E resgatar meus passos do destino
De abraçar, para sempre, a solidão,
Mas foi um desvario em vão,
Um desespero, um desatino!
Antes fosse eu uma tímida estrela,
E fosse ela um grandioso oceano,
Assim meus olhos, mesmo distantes,
Poderiam consolar-me, na vertigem, ao vê-la,
Quando soasse o alarme da saudade nos instantes
Infinitos destas longas e claras noites do ano!
Porque, para mim, amá-la significa viver,
E caminhar sem ela é o mesmo que me perder.
Esta lágrima ardente que por agora verto
Ainda há de traduzir somente felicidade,
E este coração triste que por ora sente aperto
Um dia há de bater no ritmo alegre da eternidade.
Que fruta amarga provei por dentro quando abri a porta,
E deparei a certeza de que minha Esperança jazia morta!
Bem sei que nossos caminhos cruzar-se-ão no paraíso,
Mas dói-me a falta dos seus carinhos e do seu sorriso!