Virgem da Amargura

Quebrando minha promessa

De não voltar a ver-te nem em pintura

Me sentei na tua mesa

Virgem da amargura

Pra jogar no dado nossa sorte

E te absolver de todos meus pecados.

Abençoo a sentença

Ao som do teu bordão

Que me faz forte,

E beijo tuas correntes

E quero prometer-te

Ser livre como dois versos sublinhados

Do ditado da revolução.

Me acuso de morrer sem tua boca

Confesso que desde que partiste

Só bailo nas festas onde tocam

A música da valsa dos enforcados.

Virgem da amargura

Devolve-me a vida

Sem ti tudo é usura

E noites perdidas

Luxurias, calenturas,

Feridas sem sutura,

Sacudidas, fechaduras

Despedidas de loucura e ilusão.

Com a guerra terminada,

Eu venho ajoelhar-me diante da tua cama.

Te rezão mil soldados

E o pálacio esta em chamas

Teu general arria minhas bandeiras

As feras entram na catedral.

O rei morreu no campo de batalha

A rainha fugiu com o inimigo

Eu não pinduro mais que a medalha

De não saber contar menos contigo.

Te vas e não te vas

E quando vens

Rezo para que os trens

Se equivoquem de estação.

Virgem da amargura...

Joaquin
Enviado por Joaquin em 03/06/2012
Código do texto: T3703106