SEM RIMA 287.- ... mâmoas ...

Abundam, relativamente, na Galiza

as mâmoas...

Nada estranha transposição

do acento assumida pelo português comum:

se o em latim diziam "mámmula-"

(«mama pequena*»),

logicamente os lusófonos deveriam dizer

"mâmoa" ou mesmo "mâmua". Mas apenas

os lusófonos galegos - e alguns outros? -

pronunciam "mâmoa"... Cousas...

Seja como for,

os antepassados galegos, da extensa Galiza

de então, desfrutavam de imaginação erótica

inocente e invejável...

O seu erotismo era,

contudo, "jungo-freudiano"

(como dizem)

"avant la lettre",

ao porem um nome não isento

de sensualidade mesmo intensa a construções

funerárias:

serei ingénuo se advirto nesse facto

que os nossos velhos antergos**, da Lusofonia toda,

de velho ligavam as duas pulsões elementares

que governam a vida humana: "éros" e "thánatos"...

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(*) O dicionário PORTO define "disposição de pedras, da época pré-histórica, que se supõe ser construção sepulcral". Pelo seu lado o AULETE define "mama grande. || Fruto do mamoeiro. || Colina que apresenta mais ou menos a forma hemisférica".

Se bem o penso, para "mamoa" o étimo *latino ou já neolatino tem de ser "mamona", mama grande. Ou pode que em tempos recuados os lusófonos, daquela galegófonos só, usassem duas palavras para elementos diferentes.

São conjeturas, porque nem eu nem outros vivíamos então e os então viventes não nos transmitiram esse dado. Enfim...

(**) "antergo" ou "entergo" adj. (1) Diz-se da pessoa recta que inspira confiança. Ajuizado. (2) Íntegro. (3) Completo, acabado de fazer: "no meu tempo éramos no lugar mais de vinte moças entergas; quando morreu meu avô eu já era moça enterga".