Som de flor colhida

A dor surda retumbava no peito

O peso do mundo dificultava a respiração

O próprio ar parecia pesar uma tonelada

Meus olhos já não enxergavam,

Era um breu completo que abraçava com gratidão.

Se pudesse nunca mais ver novamente

Minha alma não choraria por tantos anos.

Os olhos se apagaram aos poucos,

O brilho ofuscou-se.

Mas nada disso vi.

Ele se foi sozinho.

O calor deixou o corpo, o mármore gélido

Dissipou toda a energia acumulada,

Puro desperdício.

Me pergunto como teria sido se estivesse

Nos meus braços, e não estirado no chão.

A culpa é abrasadora.

Mas a dor ainda é surda.

Espero que tenham sido mãos afáveis,

De calor brando, a leva-lo consigo.

Pensar na solidão de seguir sozinho,

O aperto no peito. O gosto amargo do abandono...

A culpa é abrasadora.

O vazio concreto me atormenta.

Era ai que se deitava para dormir.

Por ali que corria. Aqui se espreguiçava.

Lembrança do teu olhar me faz sorrir.

Enamorado, cálido. Carinhoso. Honesto.

Mais puro amor. Sem preconceito a despeito de tudo.

A culpa é abrasadora... Não são mãos cálidas que me apertam o peito.

Arya
Enviado por Arya em 20/11/2012
Reeditado em 07/12/2012
Código do texto: T3994862
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.