BUSQUEI AS SAUDADES

Tentei me programar no mundo atual.

Será no entanto um fator de saudades,

Da mente que guarda tempos passados,

Crianças correndo descalças e libertas,

Sem as clausuras que a internet induz,

E que no passar do tempo se dissipam

Diante de tecnologias que se modificam?

Lembro bem de meu tempo de infância,

Subindo em árvores, caindo, se levantando,

Tendo como atrativos bolinhas de gude,

Pião que girava, girava, até adormecer,

E nos campos de terra batida corria descalço,

Jogando futebol até me estafar no cansaço,

Que atenuava mergulhando no rio caudaloso.

Hoje a criança não sabe nem ao menos cair,

Aprisionada diante de uma tela do computador,

Guerreando seus instintos em imagens falsas,

E os golpes fatais são as delirantes fantasias,

Que no entanto podem se solidificar na mente,

E um dia quem sabe condutor de violências,

Sendo que as saudades se apagam pela evolução.

Juventude despretensiosa onde alimentei sonhos,

De ver a garota tão casta que um dia me sorriu,

E o primeiro encontro foi um delírio inesquecível,

Marca que existia diante da beleza tão pura,

Gravada quem sabe com letras de ouro no coração,

Um amor inesquecível que jamais se dissolveu,

Mesmo que uma das existências partiu serena.

Aceito com natural simpatia a evolução dos tempos,

Necessários diante das tecnologias avançadas,

Que se modificam para suprir as demandas crescentes,

Mas escravizar as mentes para desvairadas adrenalinas,

Não valem a pena pois o amanhã logo se modificará,

E as lembranças se apagam não deixando nem marcas,

Sendo as saudades as atenuantes que busquei e guardo.

29-11-2012