O tédio

É feito de esperança indevida,

de uma relação mal resolvida,

dos sedentos anseios de vida,

é uma saudade não sei de quê;

de uma tarde que nos convida,

a encontrarmos alguma saída,

uma ventura que seja querida,

não sei porque pensei em você;

vem de uma noite mal dormida,

lâmina pronta a reabrir a ferida,

fazendo sangrar ternura perdida,

quais asas que goraram no ovo;

é uma insossa porção de comida,

que sem termos fome é servida,

muito diferente da que preferida,

eis que pensei em você, de novo;

é o filho de uma solitude dolorida,

e quase cede ao apelo da bebida,

pois essa falsa sedutora convida,

para cambiarmos de preferência;

enfim, u'a alta barreira erguida,

entre a minha e a tua linda vida,

quisera, a mesma fosse vencida,

levando junto essa tua ausência...