Borboletas de metal
Não se ouve mais o bater das asas...
Hoje, aqui tudo se tornou pesado,
Frio como esse outono que se anuncia.
A alegria é tão passageira quanto o vento que levanta meu vestido,
Ela me vem por baixo, sorrateira, breve,
bagunça tudo por aqui e se vai.
Dia desses pensei ter sentido um reboliço em meu estômago,
Talvez seja apenas impressão.
Os seres que aqui habitavam foram se tornando frios e tristes...
Assim como os olhos e o peito meu.
Tomados de saudade, acabaram por enrijecer,
Descolaram-me os ossos, as vísceras, mas congelaram-me o coração.
Aqui dentro não se ouve mais o bater de asas, a festa,
Que era tão boa de se sentir...
Hoje as borboletas de meu estômago pouco se movem,
pouco sabem, pouco existem.