Não mais

O olhar do goleiro para o gol determinante

Querendo o tempo de volta antes do ultimo instante

O filho que se foi pra o inevitável destino

E seus pertences no quarto esperando-o ainda menino

Certas marcas no espelho refletindo de repente

A verdade de um rosto ainda vivo só na mente

Os objetos do apego de quem já não se tem por perto

O perfume e as músicas do seu gosto predileto

Os cenários esperando dupla admiração

Não mais repartindo agora entre dois a exclamação

A ficha que jamais cai, o círculo que não se fecha

A pendência do abstrato que desiste e que não deixa

A pátria mãe tão distante e tão presente por dentro

Com passagens e vivências lembradas a todo o momento

A voz e os traços embaçados na imperfeição das lembranças

O desejo desistido, a falta, a dor, a desesperança...