Na bagagem muita saudade
No último dia do mês de janeiro,tudo pronto:
- Ei , filho !
- Fala mãe ...
- Pegou o passaporte, aaotorização, o bilhete de viagem, não esquça o casaco , lá ontem fez 4º graus.
- Peguei mãe, peguei tudo ....anda logo ....vamos chegar depois do avião !
Naquele momento , bateu uma vontade, egoísta é claro, de chegar depois do avião,com o chuveiro ligado,minhas lágrimas misturavam-se as do chuveiro. Tudo passou pela minha cabeça, ou melhor pelo meu coração partido de mãe, até a famosa frase: “criamos filhos pro mundo e não pra gente”, eta, frase sábia e tão imprópria para aquela situação, cruel até naquele momento. Como naão poderia deixar corri, aquele banho interminável, enxuguei as lágrimas e coloquei uma armadura de forte-mãe , e ainda escuto nervoso:
- Mãe , anda logo!
Saímos e o caminho era longo, tantas linhas até o avião, linha amarela, linha vermelha e alinha do meu coração estava ficando por um fio.
Já, no aeroporto, a fila, as bagagens, os documentos, a partida , a despedida.
- Chamada para o vôo 6082, portão 10.
-Tchau, mãe, não chora, não fica triste, segura sua onda...
Percebi que era verdade, caiu a ficha ...portão 10, camisa 10, era o nosso gol de placa.
-Boa viagem , meu filho, esse mundo é todo seu...
Essas foram as minhas palavras e boiando em saudades corri para vista panorâmica na esperança de ainda estar pertinho dele.
São 11h, do dia primeiro de fevereiro, ele ligou de Madri e disse que me ama muito.