EU

Sou folhas outonais da poesia,

sou galhos secos de um verão forte,

sou tronco carcomido pela saudade

Sou estrada poeirenta sem chuva,

sou fragmentos de coração decepcionado,

sou nuvem estéril num céu azul

Sou espaço onde ninguém quer passar,

sou abraços que tanto anseiam abraçar,

sou beijos que já não desejam beijar

Sou resto de sorrisos que morreram cedo,

sou palavras esvaziadas pela falta de resposta,

sou lágrimas derramadas à falta de alguém

Sou a simplicidade não compreendida,

sou a felicidade nunca esquecida,

sou a infelicidade jamais pretendida

Sou o algo mais que não foi percebido,

sou o mínimo múltiplo comum humano,

sou o anônimo que passa e ninguém vê

Sou mero sol apagado pela melancolia,

sou aquela chuvinha sem graça que incomoda,

sou a poeira irritante se tornando argueiro

Sou nada mais e nada menos, nadinha,

sou o menor dos ínfimos poetinhas

sou o vagar do trem perdido na linha

Sou apenas o que sou sem nada ser

sou o poeta desprezado por você,

sou o que um dia teve seu amor sem ter

Sou meu ego desprovido e fugaz,

sou à parte desse povo sagaz,

sou tão-só um poeta em busca de paz

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 07/09/2013
Reeditado em 07/09/2013
Código do texto: T4470475
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